domingo, 28 de dezembro de 2008

cidadão do mundo


- "no more war, Israel terrrrorrrrrist!" (sotaque francês)



era o som que ecoava à Grote Mark em Bruxelas hoje à noite.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

listinhas

o que eu ainda não fiz
.não conheci Paris.
.não fiz boneco de neve.
.não fiz anjo na neve.
.não conhecei o centro de amsterdam.
.não comprei roupa.
.não andei de high speed.

o que eu descobri aqui
.que é possivel planejar uma cidade/ estado/ país.
.que bicicleta é meio de transporte em que até senhorinhas bonitinhas e de saia cumprida tem acesso.
.que transporte público muda radicalmente a qualidade de vida.
.que as infra-estruturas urbanas são essenciais para democratização das cidade.
.o que é saudade.
.que eu to MTO longe de me conhecer.
.que a cidade me afeta de jeitos inimaginaveis.
.o quanto eu gosto de São Paulo.

trilha sonora
.massive attack.
.coco rosie.
.interpol.
.radiohead.
.bjork.
.beastie boys.
.alanis.
.3namassa.
.john mayer.
.nirvana.

o que toca em eindhoven
.infinity.
.so what.
.sober.
.life is life.
.womanizer.
.kids.
.I kissed a girl.






metamorfose

Sim sim amiguinhos, (pra lembrar os tempos de Thunder BIRD, Gastão e a trupe “alertnativex” da MTV!) estou de volta ao blog.
Quase um mês sem escrever e nesse meio tempo rolou tanta coisa...entrega de um dos projetos, crise de saudade, viagem à Rep. Tcheca, snowboard na montanha (que, prometo, conto nos proximos posts c direito a fotinho e se pá até videozinho!), natal em Praga, museu do Kafka e viagem de volta à Eindhoven.
Foi um tempo em que percorri tantas emoções que parece uma vida. Uma vida que anda sempre no presente. Às vezes as sombras do passado e do futuro aparecem dando o tom da angustia, aí me lembro da frase bonita da Claricequero saber do presente que não tem promessa” e a sensação de angustia vai se esvaindo, drenada pela intensidade do “instante já”. (eu já disse que sou apaixonado por Clarice, né?)
E esse presente vai digerir o passado. Passado vivido até minutos atrás, antes de voltar à terra plana dos países baixos. Começo com a viagem à Rep tcheca; tão intensa. Tenho que confessar que estava angustiado. O Bruno, amizade descoberta aqui na Holanda, acabou não indo e meu coração desejava estar perto dos cúmplices no Natal. Afinal, Natal é isso. Ou melhor, a vida é isso: experimentar o desconhecido aliando-se aos cúmplices que vamos costurando num percurso assimétrico, cíclico e rizomático.
Cruzando Alemanha, o horizonte ganhou volumes. A linha constantemente plana da Holanda ganhou topografia, densidade; diversidade. Aliás, é impressionante como a borda geográfica realmente significa borda cultural nos países europeus. Ao chegar à republica tcheca mudou o cenário, a percepção espacial e o significado da vida. No país rodeado por montanhas, o passado não é uma sombra, é sobreposição; O presente parece sufocado pela história.
As vilas que percorremos até chegar à casa de campo do Philip tornaram essa percepção bastante nítida. Casinhas antigas construídas lindeiras às ruas, arcos que criam espaços protegidos e fazem a borda entre o publico e o privado, rachaduras, manchas; arquitetura do tempo marcando a arquitetura do homem.


Em solo tcheco anda-se no passado.

Praga é o ápice. Ao percorrer a “periferia” fiquei um tanto desapontado. Nela o presente tenta caminhar, completamente sem fôlego, sem graça, tímido e embaraçado com a força e qualidade espacial infinitamente superior do pretérito construído. O centro é, à primeira vista, encantador, charmoso e mágico. O cenário criado pelo homem mais impressionante e forte que meus pés já tocaram. A cada passo, o tecido urbano foi percorrendo minhas veias e ao fim do segundo dia estava completamente apaixonado.


Praga é muito mais do que eu podia esperar.

Identifiquei-me de uma maneira muito mais avassaladora do que jamais imaginei que seria possível. Mas, só fui perceber isso no dia seguinte.
Começamos o terceiro dia (dia 25) andando pela primeira vez à deriva na cidade. Nos outros dias, Zuzka e Philip foram nossos guias (ou seriam babás?), ambos cheios de boa vontade em nos contar e mostrar a cidade, mas Marina e eu sentíamos falta também de uma certa liberdade pra se perder e simplesmente não saber.
Fizemos nosso percurso impreciso em direção ao castelo, desenhamos a “charlies bridge”, fomos ao museu do KAFKA. (Destino ao museu do Kafka o nó em que minha percepção de cidade girou radicalmente e, por isso, pretendo dedicar um post só pra ele.)
Mas já adianto, entendi que o centro de praga é muito mais do que um museu a céu aberto. É uma ferida aberta e sangrenta que contamina todo o tecido urbano. Uma ferida que marca e que oprime. Uma ferida que mantém a cidade estática, imutável, dura. Algo prende Praga da mesma maneira em que algo me prende.
Não sei o que me prende. Não sei o que não me deixa ir ainda mais além. Não sei se tenho medo, se tenho passado, ou se tenho uma ilusão de futuro que me assombra porque nunca chega. Não sei o que me marca. Mas algo sangra em mim.
E o sangue que escorre guardo com carinho na tentativa de me descobrir nele.
Talvez isso tudo soe muito perverso pra você. Talvez pareça meio depressivo (e de certa forma é), mas a questão central não é necessariamente o que a coisa é, mas o que ela é capaz de fazer. E o que essa perversidade melancólica faz em mim é uma eterna metamorfose. Metamorfose essa sempre completamente desconhecida e estranha, mas que no fundo no fundo, eu sei; sou eu mesmo o agente da transformação.