domingo, 8 de fevereiro de 2009

será?

volta

Eu sabia que eu sabia. Mas eu não dizia.
Eu sentia e escondia - não de mim - que algo morria ali. Foi de morte lenta, doída, sofrida. Foi como se a existência toda se agarrasse ao sopro de vida na esperança de perpetuar-se na imensidão do infinito.
Mas não deu.
Aquela vida já não há. Eu morri ali.
Morri. Sim, morri.
Morri e enterrei-me.
Eu não retornarei mais. Isso que escrevo são palavras de um moribundo? Não. São palavras de outro ser, de outra existência. Essa existência tem raízes, tem história...
Ando e reconheço o cenário.

NÃO!! - Desculpem... Estou simplificando. E não posso simplificar! Corro o risco de cristalizar-me na simplificação de um processo que não entendo!

Meus olhos percorrem paisagens conhecidas mas não as vejo mais da mesma forma. Senti-la de outra maneira faz com que eu tenha certeza de que morri e que no instante de minha morte prematura outra coisa apossou-se de mim.
Mas que coisa é essa? Não sei reconhecer. Olhar-me no espelho revela tanto a minha cegueira... Olho no olho do olho. Os olhos refletidos sinalizam a ausência de mim. Somente os olhos revelam essa fragilidade. O resto todo permanece intacto, como um casulo que não se quebra.

E nesse instante que cristalizo ao percorrer essas palavras, te conto o que eu não sei. O que eu não entendo. E, talvez por não entender nada, entendo que o fim de mim expandiu-se para o fim desse espaço virtual. Aquilo que enterrei em algum lugar da Holanda (ou sublimei no ar frio da ponte aérea) levou junto o sentido desse blog. Foi o fim da existência sem raízes. É o fim de "in the netherlands".

barzilian sun

Ahí cuando el sol, cambia su color…

asi soy yo?

_Cheguei!
_Chegou quem?
_Cheguei eu, uai!
_Eu quem?
_Hum...não sei também!


asi soy yo_el cuarteto de nos

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

ciclo

último post em terras neerlandesas.
coração apertado? não.
coração agradecido!

Tenho certeza que, como ninguém, minha família ralou, acreditou e vibou comigo, passo a passo. Sei que pra eles não foi fácil. Acho até que foi muito mais difícil do que pra mim. E não me refiro só a saudade, mas ao processo, à grana curta, ao desespero ao ver a conta chegando...

A eles meu coração se curva e agradece profundamente. Em breve, em nossos abraços, nossos corações estarão denovo frente a frente. Como, na verdade, sempre estiveram.

As palavras não conseguem imprimir o que eu sinto. Minha alma não consegue percorrer minhas veias e coordenar meus dedos. Tudo parte do processo de mudança de cénario...

Até muito em breve, meus amigos!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Berlin - o percurso.

Acordei num pulo. Em cima da hora. Preparei meu lanche do trem e meu café da manhã servido à pia da cozinha. Vesti minhas roupas, peguei a mochila, a carteira, o celular e o fone de ouvido. Caminhei em direção à estação ouvindo "the walkmen". (a banda, não o aparelho, rs)
O relógio marcava 06:45hs. As ruas estavam desertas na escuridão gélida da madrugada de inverno. Blocos de gelo percolavam na calçada anunciando que, lentamente, a temperatura elevara.
Cheguei à estação. Parei à plataforma 2 às 06:58 hs. Poucos segundos depois o soar estridente dos trilhos confirmavam a chegada do trem que me levaria a Venlo.
Mentalmente, fiz o percuso que me aguardava: chegaria em Venlo às 07:43, trocaria de trem às 08:04 em direção à Düsseldorf. Lá, às 09:53, embarcaria no highspeed - com acento e horários previamente estabelecidos- e, finalmente, seria recebido por Berlin.

Claro que não foi bem assim.

O trem que ia à Venlo deu pire-e-paque no meio do caminho. Nada de grave. O comboio operava leeeeeeeeentameeeeenteeeeeee. Até os coelhinhos do lado de fora, que caminhavam com mais agilidade e destreza do que o tecnlógico trem holandês, olhavam curiosos para o brinquedo amarelo e azul que parecia mais ensaiar uma arrancada do que, de fato, seguir caminho. Eu sentia compaixão pelo trem. Eu também não queria ir. Ou melhor, queria, mas temia. Ensaiava arrancadas mas minhas pernas sempre pareceram meio presas. O trem me era tanto que por um segundo achei que era eu o causador da lentidão.

Com uma hora de atraso chegamos a Venlo. Eu havia perdido o trem que segueria a Düsseldorf e por consequência, tinha perdido o trem de lá até Berlin. Respirei fundo e pensei:

-Acho que é um sinal pra não ir.

Na hora lembrei-me do comentário da Mari (tristesa até o fim) e pensei: maldita boquinha a dessa garota! rs
Resolvi arriscar. Já havia pagado o Hostel e a passagem. Seria muita infantilidade desistir sem nem ter cruzado a fronteira. Fui ao posto de informações e perguntei como deveria proceder. A simpatia e a habilidade dos holandeses com o inglês sempre me impressionam. O simpático senhor de olhos azuis, imprimiu-me 3 folhas de papel contendo 3 possíveis rotas que eu poderia escolher e, ainda assim, pegar o mesmo trem cujo acento eu havia reservado e chegar a Berlin no horário previsto.

Sorri com gentileza ao educado vovô holandês. Senti um aperto fisgar-me a consciência - vou sentir falta de tamanha simpatia!

Escolhi a rota que me parecia mais conveniente. Adormeci durante quase todo o percurso. Acordei em Berlin.



Desde então, abandonei o futuro do pretérito. Adotei o gerundio: chega de seria! Eu só quero ir sendo!

museu judaico

Caminhava com passos lentos num misto de revolta e incompreensão. Meus olhos percorriam as paredes, as janelas assimétricas, as diagonais que compunham o espaço. A história decalcada em linhas geométricas de um edifício contemporâneo.Tudo parecia irônico, falso. Talvez em outro tempo eu pensasse diferente.

Talvez em outro tempo eu sentiria compaixão. Talvez eu sentiria repulsa pela sordidez da história. Mas, naquele momento, o que eu sentia era revolta. Revolta profunda. E a cada passo, a cada fato sádico ali retratado, maior era a minha angústia. Como pode uma cultura marcada pela intolerância, que foi persguida e massacrada com tamanha violência apoderar-se agora do mesmo tom sombrio, da mesma sagacidade em, mais que negar, em destruir e humilhar uma cultura tão próxima?

Como poderia ter compaixão com aqueles que nesse exato momento derramam sangue e violência? Não. Eu não sentia ódio, eu não sentia repulsa. Eu sentia revota pela estupidez e limitação humana. Pela precariedade com que construímos nossa história, pela total ausência de amor e de tolerância. Tomado por esse sentimento, eu caminhava.

Passo por passo, fato por fato.

Eis que ali a frente surgiu-me um óasis. Meu coração tremia. Minha mente matutava a melhor forma de expressar. Eu precisava contaminar aquele lugar estéril e mentiroso. Eu precisava gritar a verdade!

Naquele pequeno oásis, no coração do edifício, encontrava-se uma cadeira, uma mesa, uma porção de papéis em branco, lápis, canetas coloridas, uma chapa metálica e um punhado de imãs. Sentei-me. Respirei fundo. Escolhi a cor vermelho sangue. No papel branco, o vermelho decalcava mais do que palavras, decalcava sentimentos, entrelinhas.



Sem muito jeito, com letras tortas, escrevi as palavras que ouvira à groete mark em bruxelas:



"No more war!"





foto tirada por mim à groete mark em Bruxelas.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Berlin

Post rápido:
Berlin é uma cidade incrivel, de longe a cidade que eu escolheria pra morar. Dinamica, cheia de infra-estrutura, cafes, restaurantes, cinemas, arquitetura, muuuuita arquitetura!
Fora que a galera é bonita pra caralho. Com estilo mais bacana.
Ontem fui numa baladinha e meu coracao disparava "apaixonado" a cada 5 segundos. Pena q a reciporca nao era verdadeira. Nao recebi nem uma olhadinha de volta. hunf!

ok ok, faz parte!

PS: desde q eu inaugurei o blog nunca havia escrito tanta banalidade como no post acima. prometo q quando eu voltar eu escrevo com mais propriedade. escrevo agora so pra informar q vai tudo bem por aqui!

PS2: post totalmente sem acentos! nao, nao e "ingnorancia" da minha parte, eh so falta de entendimento entre meus dedos e a organiyacao desse teclado alemao! hehehehe

x)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

indo pra berlin amanhã

Berlin, Berlin...
o que é que você reserva pra mim?

emilie simon





eu ja disse que tenho uma queda pela frança, né?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

ausência

Fugi. Hidden in a secret place.
Tão secreto que é segredo até pra mim.

- Quem sabe um dia ele não aparece?- penso.

Se alguém me vir por aí, por favor, mande lembranças.
E diga que entre tantas voltas, tantas revoltas, gostaria de me ter de volta.
valeu!

"The pixies: Where is my mind?" no filme "clube da luta"

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Em 17 dias eu volto.
Parte de mim ja está no Brasil. Outra parte ainda quer ficar.
Há tanto ainda pra ver, a conhecer. Mas minha mente sabe que ainda não é tempo. O tempo agora é de concluir. Concluir a exitência sem raízes, concluir a universidade.

Só então darei início ao novo tempo. E que ele seja tão intenso e forte como tem sido o tempo acadêmico!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

noah´s ark

Noah´s ark came to my house with all his animals and he took me away!

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Bring me sweet dreams tonight and help me good tomorrow!

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sábado, 10 de janeiro de 2009

atemporal


Acordei nove horas da manhã. Abri os olhos e o quarto permanecia escuro. Abri a cortina e dei bom dia à paisagem branca. Ainda inebriado, liguei o computador que fica ao alcançe das mãos nesse quartinho estreito.

Sentado na cama, enrolado no futon laranja, lembrei-me de dois aniversariantes que dividiam a mesma data de nascimento. Resolvi deixar recado. Percorri na memória palavras bonitas e sinceras de felicitações. Escrevi. Fechei o computador e voltei a deitar-me.

Olhando o teto com pensamentos desconexos, percebi que minha mente vivera num passado.

Acordei certo de que era 06 de dezembro. Não, não era. Era 06 de janeiro.


Bem-vindo ao presente,pensei.





caminhos




Voltando da Antuérpia o trem que ia pra Eindhoven desviou para Den Haag.

_ok, pensei. vou arriscar um contato.

Ontem, indo pra Utrecht, nossa guia (zineb, holandesa com ascendencia marroquina, gente finissima!) conduziu-nos ao trem errado. Adivinha qual era o destino final?

Den Haag.

Ok, The Hague. Se esse é meu destino final, eu volto!






quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

estático



A janela recorta a paisagem branca. Olho e o que vejo é um mundo estático. Ninguém na rua. Ninguém na janela. Todo mundo à espera de algo que não sabe chegar. Neve incrustada há três dias nos galhos das árvores. Silêncio ensurdecedor quebrado apenas pelo atrito do trem nos trilhos de metal e madeira. O grito dos trilhos e os passos marcados à neve repousada no chão me lembram que alguém circula.
Alguém no mundo, caminha.
Eu, calminho, espio.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009


Na paisagem branca ser moreno é uma revolta involuntário. Como Clarice disse, só que ao contrário...






fotos: Eindhoven (NL) ontem.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Ano Novo

Fotinhos da noite de Reveillon. Quando eu estiver pronto, conto pra vocês como foi. O que adianto é que foi delicado, interssante e fortalecedor. Começo 2009 confiante. E, diferentemente de 2008, o que quero agora é "o tempo presente que não tem promessa". Pra citar Clarice, denovo.










piadinhas de quinta

"Madonna agora é de Jesus"


"LebÂÂÂÂÂra, a trava que te pega em roaming"


tinha q ser coisa da Lu....(http://www.fotolog.com/lulylub)


(amo de paixão!)