terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Berlin - o percurso.

Acordei num pulo. Em cima da hora. Preparei meu lanche do trem e meu café da manhã servido à pia da cozinha. Vesti minhas roupas, peguei a mochila, a carteira, o celular e o fone de ouvido. Caminhei em direção à estação ouvindo "the walkmen". (a banda, não o aparelho, rs)
O relógio marcava 06:45hs. As ruas estavam desertas na escuridão gélida da madrugada de inverno. Blocos de gelo percolavam na calçada anunciando que, lentamente, a temperatura elevara.
Cheguei à estação. Parei à plataforma 2 às 06:58 hs. Poucos segundos depois o soar estridente dos trilhos confirmavam a chegada do trem que me levaria a Venlo.
Mentalmente, fiz o percuso que me aguardava: chegaria em Venlo às 07:43, trocaria de trem às 08:04 em direção à Düsseldorf. Lá, às 09:53, embarcaria no highspeed - com acento e horários previamente estabelecidos- e, finalmente, seria recebido por Berlin.

Claro que não foi bem assim.

O trem que ia à Venlo deu pire-e-paque no meio do caminho. Nada de grave. O comboio operava leeeeeeeeentameeeeenteeeeeee. Até os coelhinhos do lado de fora, que caminhavam com mais agilidade e destreza do que o tecnlógico trem holandês, olhavam curiosos para o brinquedo amarelo e azul que parecia mais ensaiar uma arrancada do que, de fato, seguir caminho. Eu sentia compaixão pelo trem. Eu também não queria ir. Ou melhor, queria, mas temia. Ensaiava arrancadas mas minhas pernas sempre pareceram meio presas. O trem me era tanto que por um segundo achei que era eu o causador da lentidão.

Com uma hora de atraso chegamos a Venlo. Eu havia perdido o trem que segueria a Düsseldorf e por consequência, tinha perdido o trem de lá até Berlin. Respirei fundo e pensei:

-Acho que é um sinal pra não ir.

Na hora lembrei-me do comentário da Mari (tristesa até o fim) e pensei: maldita boquinha a dessa garota! rs
Resolvi arriscar. Já havia pagado o Hostel e a passagem. Seria muita infantilidade desistir sem nem ter cruzado a fronteira. Fui ao posto de informações e perguntei como deveria proceder. A simpatia e a habilidade dos holandeses com o inglês sempre me impressionam. O simpático senhor de olhos azuis, imprimiu-me 3 folhas de papel contendo 3 possíveis rotas que eu poderia escolher e, ainda assim, pegar o mesmo trem cujo acento eu havia reservado e chegar a Berlin no horário previsto.

Sorri com gentileza ao educado vovô holandês. Senti um aperto fisgar-me a consciência - vou sentir falta de tamanha simpatia!

Escolhi a rota que me parecia mais conveniente. Adormeci durante quase todo o percurso. Acordei em Berlin.

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