Talvez em outro tempo eu sentiria compaixão. Talvez eu sentiria repulsa pela sordidez da história. Mas, naquele momento, o que eu sentia era revolta. Revolta profunda. E a cada passo, a cada fato sádico ali retratado, maior era a minha angústia. Como pode uma cultura marcada pela intolerância, que foi persguida e massacrada com tamanha violência apoderar-se agora do mesmo tom sombrio, da mesma sagacidade em, mais que negar, em destruir e humilhar uma cultura tão próxima?
Como poderia ter compaixão com aqueles que nesse exato momento derramam sangue e violência? Não. Eu não sentia ódio, eu não sentia repulsa. Eu sentia revota pela estupidez e limitação humana. Pela precariedade com que construímos nossa história, pela total ausência de amor e de tolerância. Tomado por esse sentimento, eu caminhava.
Passo por passo, fato por fato.
Eis que ali a frente surgiu-me um óasis. Meu coração tremia. Minha mente matutava a melhor forma de expressar. Eu precisava contaminar aquele lugar estéril e mentiroso. Eu precisava gritar a verdade!
Naquele pequeno oásis, no coração do edifício, encontrava-se uma cadeira, uma mesa, uma porção de papéis em branco, lápis, canetas coloridas, uma chapa metálica e um punhado de imãs. Sentei-me. Respirei fundo. Escolhi a cor vermelho sangue. No papel branco, o vermelho decalcava mais do que palavras, decalcava sentimentos, entrelinhas.
Sem muito jeito, com letras tortas, escrevi as palavras que ouvira à groete mark em bruxelas:
"No more war!"
foto tirada por mim à groete mark em Bruxelas.
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