terça-feira, 27 de janeiro de 2009

museu judaico

Caminhava com passos lentos num misto de revolta e incompreensão. Meus olhos percorriam as paredes, as janelas assimétricas, as diagonais que compunham o espaço. A história decalcada em linhas geométricas de um edifício contemporâneo.Tudo parecia irônico, falso. Talvez em outro tempo eu pensasse diferente.

Talvez em outro tempo eu sentiria compaixão. Talvez eu sentiria repulsa pela sordidez da história. Mas, naquele momento, o que eu sentia era revolta. Revolta profunda. E a cada passo, a cada fato sádico ali retratado, maior era a minha angústia. Como pode uma cultura marcada pela intolerância, que foi persguida e massacrada com tamanha violência apoderar-se agora do mesmo tom sombrio, da mesma sagacidade em, mais que negar, em destruir e humilhar uma cultura tão próxima?

Como poderia ter compaixão com aqueles que nesse exato momento derramam sangue e violência? Não. Eu não sentia ódio, eu não sentia repulsa. Eu sentia revota pela estupidez e limitação humana. Pela precariedade com que construímos nossa história, pela total ausência de amor e de tolerância. Tomado por esse sentimento, eu caminhava.

Passo por passo, fato por fato.

Eis que ali a frente surgiu-me um óasis. Meu coração tremia. Minha mente matutava a melhor forma de expressar. Eu precisava contaminar aquele lugar estéril e mentiroso. Eu precisava gritar a verdade!

Naquele pequeno oásis, no coração do edifício, encontrava-se uma cadeira, uma mesa, uma porção de papéis em branco, lápis, canetas coloridas, uma chapa metálica e um punhado de imãs. Sentei-me. Respirei fundo. Escolhi a cor vermelho sangue. No papel branco, o vermelho decalcava mais do que palavras, decalcava sentimentos, entrelinhas.



Sem muito jeito, com letras tortas, escrevi as palavras que ouvira à groete mark em bruxelas:



"No more war!"





foto tirada por mim à groete mark em Bruxelas.

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